segunda-feira, julho 30, 2012

CONEXÕES



Conexões

Betina sentia-se culpada desde o trágico falecimento da prima.
Culpada por não ter comparecido aos funerais, por não ter ido dar um último adeus àquela com quem tinha, além do parentesco, amizade e carinho.
Não lhe fora permitido ir. Afinal, cidade pequena, morte trágica - assassinato pelo amante - pessoa conhecida e influente. Ela, uma simples estudante rendera todo tipo de comentário e maledicência. Era conveniente manter-se afastada, segundo as ordens dos pais.
O preconceito por aquilo que classificavam como má-conduta se sobrepunha à dor. Era como se fosse castigo pelo erro. Não teve intenção sequer de esboçar vontade de ir. Nem sabia se seus pais foram às despedidas. Era tudo muito velado. Comentários à boca pequena.
Passado um tempo, foi ao campo santo por ocasião do falecimento de uma pessoa amiga.
Resolveu, junto com o namorado, procurar o túmulo de Solange.
Queria mostrar a ele o túmulo da finada. Andaram um bom tempo, sem sucesso, por entre os corredores do cemitério. Já estava pensando em desistir da empreitada de apresentação post-mortem quando ouviu um chamado. Só ela ouviu. De forma clara, inconfundível: “Betina”.
Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Virou-se para trás. À sua esquerda, bateu o olho na lápide que não havia percebido na passagem.
Era ela: Solange!
Não acreditava no que ouvira e no que via. Mas as evidências estavam ali, bem na sua frente.
Deixou as apresentações para depois. Saiu intempestivamente. Nunca mais voltou naquele lugar.
Também não esqueceu o fato.





http://www.camarabrasileira.com/sel12-021.htm



DOCE INFÂNCIA



Doce infância



De sonhos tão imaginados e,
Encantadas ilusões de menina,
Infância de pura inocência,
De delicadas bonecas de porcelana,
Do jogo de amarelinha, do pião e bilboquê,
Das brincadeiras na garagem
Ao som de inesquecíveis músicas
De anos que se tornaram dourados
Infância de muitos aromas
-De chuva na terra seca-
E, de muitos sabores
-Dos doces de minha avó-
Do figo, das balas, de guaco e de hortelã,
Infância de mulheres guerreiras
Minha mãe, minha dinda e minha tia
Que me prepararam para o futuro
Das grandes alegrias e imensas tristezas
Que mesmo sem perceber
Ensinaram-me sobre os grandes revezes da vida
Dos quais resultei viva, apesar das mutilações .
Infância que não retorna
Mas, que recordei na infância de meus filhos
Tão diferente da minha
Porém, para eles igualmente doce
Infância, doce período de vida
Que me ensina um novo viver
Na infância de meus netos . 




http://www.camarabrasileira.com/apol92-041.htm




Publicado na Página da Avspe




Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS

Data:2012.08.29-Quarta-feira-Página 15



Publicado no site:

www.icsvargas,blogspot.com

Data:2012.08.29



Publicado no site:

www.icsvargas3.blogspot.com

Data:2012,08,30