sábado, março 08, 2014

MEU TEXTO NA ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS 111







Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS



Nos lugares da vida

Lugares de encontros e desencontros
Ruas onde se perdem sonhos
Dantes sonhados nas praças da infância.
Risos, brincadeiras, ilusões,
Eternos nos lugares da memória
Não quebrados nas tortas esquinas
Onde se chocam tristezas e desilusões
da imensidão que se chama vida
nascida aos poucos,
ora vivida aos bocados,
outras de supetão
sem medida nem comedida.
Ruas, praças, esquinas
Lugares onde me escondo, me perco
ou me encontro.
Depende do momento vivido
Ou do sonho que acalento.


MEU TEXTO EM CONTOS DE VERÃO 2014







Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS



O destino de Kelly




Certo dia ao ir a em seu mecânico para consertar a moto, Tadeu deparou-se com um ajudante da oficina que não conhecia. Era novo ali. Parecia meio imaturo no falar e nas atitudes. Enquanto aguardava ficou conversando com o rapaz que lhe confidenciou que precisava de uns trocos para comprar uns “bagulhos”. Foi, então, que Tadeu percebeu que o que observara não era imaturidade, mas alguém agindo sob efeito de alguma substância não legal em todos os sentidos. Mais surpreso ficou quando o jovem ofereceu para ele comprar sua mascote que não tinha condições de cuidar, pois não tinha quem ficasse com ela e não poderia levá-la sempre para o trabalho, conforme lhe advertira o empregador.
Tadeu nem pensou muito, de imediato tratou o valor e levou consigo o animalzinho. Uma cachorra baia, de raça. Em sua família haviam perdido o mascote que tinham. Foi fácil aceitarem a nova companheira, que passou a morar em sua casa. Deram-lhe nome, arrumaram um cantinho para ela que logo se tornou pequeno devido ao seu tamanho avantajado.
Era uma cachorra dócil, amiga, companheira. Convivia pacificamente com a gata que a família de Tadeu já possuía.
Certa vez ela fugiu, Ficaram desesperados, mas logo a encontraram.
Outra ocasião passou meses em uma outra casa onde morava o pai de seus filhotes. Voltou para casa. Mas a estada em outra casa logo se repetiu. Foi fazer companhia para a avó de Tadeu em um bairro distante. Passados alguns meses ela fugiu.
Aí, como já se mostravam desinteressados pela companhia do pobre animal não se interessaram em procurar. Deram-na como desaparecida e fim de história.
Uma pessoa amiga não se conformou com o sumiço da cachorra. Com a permissão dos donos, ou ex-donos, passou a procurá-la. Fez cartazes e colocou nos postes no bairro onde ela estava antes de desaparecer. Colocou avisos e cartazes nos bares. Não demorou muito para um telefonema indicar onde estava a fujona. Lá foi Mariana pegar a companheira, pois como ela frequentava assiduamente a casa de Tadeu, ela tinha além de intimidade profundo carinho pela Kelly (esse é seu nome).
Constatou que era uma senhora sozinha que a tinha encontrado. A princípio assustara-se pelo seu tamanho, mas logo percebeu seu temperamento dócil e amigo. Morava dentro da casa e fazia-lhe companhia. Entregou, não sem pesar para Mariana que também sentiu pena da solidão da senhora. Até pensou em deixar Kelly com ela, mas seu sentimento falou mais alto. Levou-a consigo. Ficou com ela. Era sua companheira também. Circunstâncias a fizeram mudar de sua casa para um apartamento, impossibilitando a permanência de Kelly no local devido às regras do condomínio.
Quando abaixo os olhos e a vejo estendida aos meus pés, questiono o que o destino ainda lhe reservará?

MEU TEXTO NA PRIMEIRA SELETA







Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS



Sempre contigo

Teus verdes olhos me encontraram
Deles não mais me perdi
Durante anos bem vividos
Ao teu lado e para ti.
Fostes meu amor, meu namorado
Meu marido, meu amante e meu amigo.
Sonhamos um futuro juntos e,
Concretizamos este sonho
Durante quarenta anos.
Uma união indissolúvel pelos laços estabelecidos.
Entendíamos-nos pelo olhar,
Nossos corpos se completavam
Nossos desejos eram os mesmos.
Tuas mãos me acariciavam.
Duas vidas em sintonia perfeita.
Teus lábios repetiam o que teus olhos demonstravam
Tuas mãos desenhavam o que desejavas expressar.
Eras poeta, escultor, jardineiro
Pois semeavas amor em mim.
Nossas datas comemoradas
Com encontros de alma, dança e flores.
Ah, como amavas as flores.
Sempre me presenteavas no dia dedicado ao amor,
Aos enamorados, a nós durante uma vida inteira.
Hoje, sozinha, mas contigo em meu peito,
Em meus pensamentos e nos frutos que me deixaste
Continuo a cultivar nosso amor
Ofertando-te flores como fazias
Para receberes onde estiveres
E cultivarmos nosso amor em todas as dimensões.