sexta-feira, agosto 18, 2006

DESABAFO



Estive a poucos dias em um hospital para um procedimento ambulatorial. Nada demais.Tudo correu muito bem.O atendimento recebido na recepção geral ,recepção do bloco cirúrgico(num espaço que de tão minúsculo a atendente quase não conseguia se movimentar) nada a reclamar.Rápidos e eficientes.
O médico, de minha escolha, profissional excelente.
O que me leva a escrever foi o que lá assisti e que me deixou embaraçada a ponto de fazer tais questionamentos.
Sabe-se que a pessoa que tem uma enfermidade e que vai se submeter a um procedimento cirúrgico, já vai para tal com o emocional abalado, pelas dúvidas, incertezas ou até mesmo pelos cuidados ou complexidade que o procedimento exige.
É importante ser bem tratado, acolhido com respeito e dignidade. Isto independe de ser paciente do SUS, convênio ou particular. Ninguém deve ser submetido à situação constrangedora. Pois dentro de uma sala de espera do bloco cirúrgico, depois de passar pela referida recepção,ficam aguardando pacientes que deverão se submeter à determinados procedimentos no bloco.Tal sala , pequena, com pouco mais do que meia dúzia de cadeiras, sem nenhuma janela,duas portas, uma defronte a outra,e dois banheiros ,masculino e feminino é o local onde esperam homens , mulheres e seus respectivos familiares.
Assisti neste local, o constrangimento de uma pessoa, que teve de trocar sua roupa no banheiro e dali sair com aquela roupa curtinha, touca, chinelo, cuidando para se manter coberto na frente de familiares e demais pacientes.
Embora saísse dali quase que imediatamente para o local do exame, o mesmo estava visivelmente constrangido, tentando se cobrir diante de uma platéia estranha. Acredito que tal procedimento devesse ser feito em local reservado, dentro do bloco, com local em separado para ambos os sexos. Sei que em outros locais é assim que funciona.Havia outro paciente à espera de um exame, cujo temor por ter que passar pela mesma situação era visível,já tendo dito que não desejava passar por aquela mesma experiência.
Percebo que tudo era uma questão de inadequação do local. O problema parece-me ser de estrutura, de carência financeira para proporcionar melhores condições, de ordem técnico-administrativa e de humanização.
Procedimentos de humanização vão além de possibilitar o envio de e-mails para pacientes internados no hospital. Devem ser mais amplos e abrangentes, até porque esta situação relatada não era de internação.
Vejo que se faz cada vez mais necessário capacitar os administradores hospitalares, gestores da saúde para que possam proporcionar um atendimento qualificado à população. É preciso sensibilidade no trato com o público, racionalização dos métodos de trabalho, conhecimento aprofundado das situações e discernimento para resolver as situações resguardando o paciente, o profissional e a instituição.
No que se refere à parte financeira, faz-se necessário sensibilizar os políticos da região para carrearem mais verbas a serem aplicadas na saúde. Também é importante conscientizar a população para votar nos pleitos realizados para determinar quais projetos obterão recursos primordialmente.
Não é o caso de tirar verbas de ninguém, muito menos de hospitais que estão proporcionando um atendimento eficiente, ambiente adequado, para dar aos outros e com isto precarizar os que estão bem.
Com tanta verba desviada, por este Brasil a fora nos escândalos amplamente divulgados, e tantas carências no âmbito da saúde, da educação somos levados a crer que cada vez mais é necessário fazer boas escolhas de maneira que assim possam ser eleitos políticos sérios que realmente se preocupem entre outras coisas em diminuir as mazelas que afetam o povo brasileiro.
É todo um conjunto de situações que devem ser pensadas, revistas, analisadas para que a atual conjuntura econômica, social, política, educacional e ética melhore. Tudo está interligado e uma deficiência em um aspecto, acaba afetando outro.
Começa na pessoa, que tem que procurar fazer o seu melhor sempre, no desempenho de suas atividades, no grupo familiar e na sociedade como um todo.
Finalizando é necessário aliar conhecimentos técnicos, científicos às questões de ordem emocional para que haja uma relação equilibrada com resultados satisfatórios para todas as partes envolvidas.
Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2006.08.18