segunda-feira, agosto 25, 2008

PANORAMA


As Olimpíadas estão nos mostrando uma realidade que vai além do esporte.
Na época em que a Rússia formava um bloco com as demais repúblicas socialistas, verificava-se no campo político a existência de dois blocos antagônicos, que por razões óbvias também se refletiam nas demais áreas. Com o fim da guerra fria na segunda metade do século passado e as mudanças ocorridas a posteriori no bloco socialista do leste europeu, houve, naturalmente, o enfraquecimento do socialismo que também se tornou visível no cenário esportivo, mais precisamente, no panorama olímpico atual.
Em meio aos dois blocos que anteriormente polarizavam o cenário mundial surgiu o poderoso dragão chinês que se abriu para o mundo capitalista da Coca-Cola e do McDonald’s como uma inegável potência econômica, tanto que apesar dos Estados Unidos possuírem um poderoso arsenal bélico, em caso de conflitos, para fazer frente à China teria que formar um bloco com outros países.
Nestas olimpíadas a China demonstrou, desde a abertura, com o espetáculo estético maravilhoso que proporcionou ao mundo, o seu poderio quantitativo (maior população mundial) e qualitativo, mostrando o que é possível obter com objetivo definido, trabalho, disciplina e poder. É evidente que foram pelo menos quatro anos de intenso trabalho para mostrar ao mundo o que eles desejavam mostrar, posto que os diferentes olhares do mundo para lá estariam voltados neste período. O resultado se refletiu no número de medalhas de ouro conquistadas até agora, ou seja, com a China disparando no quadro geral com 47 medalhas, os Estados Unidos com 31, a Inglaterra com 18 seguida pela Rússia com 17.
A falta de qualidade dos produtos descartáveis Made in China, produzidos por uma mão de obra aviltada pelos baixos salários noticiados na mídia televisiva foram compensadas na performance excepcional apresentada pelos atletas que brilharam no cenário olímpico de Pequim em 2008.
Quanto ao nosso país restou a evidente situação dos esforços isolados de muitos daqueles que lá chegaram à custa de sacrifícios para treinar, para sobreviver dando demonstração do quanto somos carentes de investimentos na área, de políticas capazes de incentivar e apoiar as crianças e jovens carentes, de escolas e universidades públicas ou não a se desenvolverem no esporte, porque patrocínios aparecem após os resultados e não como investimento para inserção social e minimização da situação de risco e/ou vulnerabilidade social, trabalho este que vem sendo realizado pelas ONGs e pela sociedade civil como um todo.
Aqueles que nos representaram e obtiveram inéditas medalhas não foram as figuras tradicionais (como no hipismo) nem aquelas bem pagas no cenário desportivo mundial (futebol) e sim aqueles atletas ainda cheios de garra e ideal que se dedicaram aos treinos, tendo por suporte a família a lhes garantir apoio emocional e/ou financeiro.
Mesmo quem não obteve medalha nos deu exemplo de luta, de dignidade, de humildade e de respeito dignos de um legítimo campeão olímpico.
Publicado no Diário da Manhã- Pelotas-RS
Data:2008.08.25
Publicado no site:http://www.olhasoaqui.com/
Data:2008.08.25
Publicado no site: http://www.euautor.com.br/
Data:2008.08.30
Publicado no site:http://www.wmulher.com.br
Data:2008.09.01

VITÓRIA REDENTORA



Não poderia deixar de escrever sobre a espetacular vitória da atleta brasileira Maurren Maggi no salto. Não assisti assim como muitos brasileiros não devem ter assistido e nem imaginar todo o drama anterior pelo qual passou a atleta. Já escrevi sobre ela e seu esforço para recuperação visando à participação na Olimpíada e conforme suas declarações desejando ser exemplo para a filha.
A trajetória realizada por ela deverá ser exemplo para muitos, não só para atletas, pois mostra que qualquer ser humano é capaz de se recuperar, de atingir pontos de excelência desde que descubra em si mesmo forças para tal e em decorrência deste encontro lute, trabalhe com ardor, dedicação e disciplina.
O que dá a dimensão maior à vitória conquistada são os componentes de dificuldade existentes. Uma coisa é um atleta novo que esteja em ascensão e não tenha sofrido revezes capaz de baixar a autoestima ou de lançar nuvens duvidosas não só sobre a capacidade, mas sobre sua conduta. É uma trajetória sempre ascendente que impulsiona. Mais difícil é o caso em questão no qual após estar no auge a atleta é penalizada, mantém-se afastada do esporte, e retorna obtendo vitórias e paulatinamente reconquistando não só o respeito do público como a confiança capaz de alçá-la ao lugar mais alto no podium realizando um feito inédito e escrevendo em definitivo seu nome na história do esporte brasileiro e na história olímpica.
Mais uma vez percebemos a importância de ter objetivos, sonhos que são a mola mestra capaz de proporcionar a quem os persegue com afinco momentos de indelével felicidade. Isto é válido para qualquer pessoa. E quando digo qualquer não é para desqualificar e sim para mostrar que vale para o cidadão comum, para o jovem inexperiente, para a pessoa madura que deseja voltar a estudar, para aquele que busca mudar de vida, para aquele que persegue uma difícil vaga num curso disputado ou um emprego digno capaz de proporcionar realização profissional e pessoal bem como para aqueles que enfrentam dificuldades em função de enfermidades e se julgam sem chances de reverter o quadro, que desanimam.
Devemos visar sempre um ponto à frente para ser conquistado. Percebi isto quando revendo objetivos escrevi “continuar” e fui chamada à atenção porque continuar não é meta é objetivo que já foi alcançado e não apresenta mudança, etapa diferente ou acréscimo, mas acomodação o que não é bom para ninguém. Quem deseja crescer, evoluir não pode se acomodar, pois a vida é movimento constante, é alternância de situação que a pessoa tem que estar preparada para vivenciar e dela extrair o melhor.
Além do aspecto emocional outro dado é aquele relativo à idade, pois a atleta já está com 32 anos o que para a carreira representa muito. Em seu caso creio que foi justamente a trajetória percorrida que a fez chegar onde está tirando forças da experiência, dos revezes sofridos mostrando que tropeçar, cair, ocorre com qualquer ser humano e não deve ser encarado como marca definitiva, mas como ponto a ser superado, vencido, ultrapassado.
Valeu a vitória, valeu o exemplo de esforço, de trabalho, de fé e superação. O ouro da medalha foi decorrência do ouro interior.
Publicado no site:http://www.wmulher.com.br
Data:2008.08.25
Publicado no site:http://www.olhasoaqui.com/
Data:2008.08.25
Publicado no site:http:// www.euautor.com.br
Data:2008.08.30
Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2008.08.31