PANORAMA
As Olimpíadas estão nos mostrando uma realidade que vai além do esporte.
Na época em que a Rússia formava um bloco com as demais repúblicas socialistas, verificava-se no campo político a existência de dois blocos antagônicos, que por razões óbvias também se refletiam nas demais áreas. Com o fim da guerra fria na segunda metade do século passado e as mudanças ocorridas a posteriori no bloco socialista do leste europeu, houve, naturalmente, o enfraquecimento do socialismo que também se tornou visível no cenário esportivo, mais precisamente, no panorama olímpico atual.
Em meio aos dois blocos que anteriormente polarizavam o cenário mundial surgiu o poderoso dragão chinês que se abriu para o mundo capitalista da Coca-Cola e do McDonald’s como uma inegável potência econômica, tanto que apesar dos Estados Unidos possuírem um poderoso arsenal bélico, em caso de conflitos, para fazer frente à China teria que formar um bloco com outros países.
Nestas olimpíadas a China demonstrou, desde a abertura, com o espetáculo estético maravilhoso que proporcionou ao mundo, o seu poderio quantitativo (maior população mundial) e qualitativo, mostrando o que é possível obter com objetivo definido, trabalho, disciplina e poder. É evidente que foram pelo menos quatro anos de intenso trabalho para mostrar ao mundo o que eles desejavam mostrar, posto que os diferentes olhares do mundo para lá estariam voltados neste período. O resultado se refletiu no número de medalhas de ouro conquistadas até agora, ou seja, com a China disparando no quadro geral com 47 medalhas, os Estados Unidos com 31, a Inglaterra com 18 seguida pela Rússia com 17.
A falta de qualidade dos produtos descartáveis Made in China, produzidos por uma mão de obra aviltada pelos baixos salários noticiados na mídia televisiva foram compensadas na performance excepcional apresentada pelos atletas que brilharam no cenário olímpico de Pequim em 2008.
Quanto ao nosso país restou a evidente situação dos esforços isolados de muitos daqueles que lá chegaram à custa de sacrifícios para treinar, para sobreviver dando demonstração do quanto somos carentes de investimentos na área, de políticas capazes de incentivar e apoiar as crianças e jovens carentes, de escolas e universidades públicas ou não a se desenvolverem no esporte, porque patrocínios aparecem após os resultados e não como investimento para inserção social e minimização da situação de risco e/ou vulnerabilidade social, trabalho este que vem sendo realizado pelas ONGs e pela sociedade civil como um todo.
Aqueles que nos representaram e obtiveram inéditas medalhas não foram as figuras tradicionais (como no hipismo) nem aquelas bem pagas no cenário desportivo mundial (futebol) e sim aqueles atletas ainda cheios de garra e ideal que se dedicaram aos treinos, tendo por suporte a família a lhes garantir apoio emocional e/ou financeiro.
Mesmo quem não obteve medalha nos deu exemplo de luta, de dignidade, de humildade e de respeito dignos de um legítimo campeão olímpico.
Publicado no Diário da Manhã- Pelotas-RS
Data:2008.08.25
Publicado no site:http://www.olhasoaqui.com/
Data:2008.08.25
Publicado no site: http://www.euautor.com.br/
Data:2008.08.30
Publicado no site:http://www.wmulher.com.br
Data:2008.09.01