quinta-feira, julho 08, 2010

Pessoas Especiais








Às vezes achamos que pessoas especiais são aquelas que fizeram algo grandioso na vida.


Mas aos poucos percebemos que pessoas especiais são aquelas que fazem coisas muito simples mas com um sentimento fenomenal.


Assim não era pra me surpreender que sendo uma pessoa especial como foi meu irmão, que convivessem com eles pessoas igualmente especiais.


Ele possuía amigos que  considerava verdadeiros irmãos.


Amigos que cresceram com ele. Amigos que se aproximaram ao longo da jornada.


Mas todos, independentemente do tempo de convívio, amigos.


Assim, desde a partida desse anjo, temos recebido quase que diariamente o carinho daqueles que gostavam dele.


Desde a madrugada que parecia interminável, até o dia de hoje.


E, especialmente no final de semana, em um dia de muito sol, quando naturalmente as pessoas saem pra aproveitar o dia, aproveitar a vida, recebemos uma  visita.


Alguns dos melhores amigos do Roberto, que ali já se somaram 5.


Não foram nem minutos, o que já nos traria imensa alegria.


Mas horas...


Horas de companhia, horas de recordações de alegrias, horas de amizade e carinho, horas sabendo uns dos outros (como estavam, o que estavam fazendo...), momentos de tristeza e dor, em que o sentimento de saudade conservado, tenho certeza de que no coração de todos, suplantou nossas forças.


Pessoas especiais, porque foram partilhar conosco um pouquinho do Roberto que existe dentro deles, e tomar um pouquinho do nosso Roberto que está dentro de nós. Tentando cuidar um pouco da ferida e dispostos a de alguma forma ajudar a acomodar o sentimento que existe dentro de nós.


O amor que todos nós sentimos por ele, não nos permite terminar essa amizade, cortar esse laço visivelmente familiar que se originou com a vida e o sentimento,que sempre soubemos que era recíproco, do Roberto pelos seus verdadeiros amigos .


Assim o Roberto nos deixou, para que pudessem nos consolar e para compartilhar a alegria de suas vitórias, uns quantos amigos-irmãos, pais de seus amigos-irmãos, irmãos de seus amigos-irmãos, que hoje se preocupam conosco e tomamos como uma verdadeira família. Pois esses “pequenos” gestos revelam o amor dessas pessoas muito especiais, que só podemos querer mais perto.


A ausência física do Roberto, com certeza é muito sentida, mas quando nos unimos temos a certeza de que ele não se afastou de nós, só abandonou um corpo..., pois sentimos constantemente que ele vive bem mais perto do que podemos imaginar.
Márcia Silva Vargas
















É loucura...


É loucura pensar que não vamos te ver...


Que a vida ainda segue o ritmo normal e não pára para assimilarmos a dor da nossa separação...


Que segue o trabalho, o dia continua amanhecendo, anoitecendo e nada saiu do lugar...


Tudo está conforme deixasses e não voltas mais pra guardar, pra manusear, pra dar um destino em tudo aquilo que agora ficou pra trás...


A nossa vida não pára e somos obrigados a seguir nesse ritmo com uma sensação estranha de que alguma coisa está fora do lugar... De que estamos fora do ar... Que não está bem certo... Que falta alguma coisa...


E falta meu irmão...


Como falta...


Falta o MEU IRMÃO.


A dor da separação é tão irreal que se fossemos absorver tudo de uma só vez, certamente não sobreviveríamos... Seria FATAL!


É IRREAL,


É ABSOLUTAMENTE IRREAL...


Não há como acreditar que um pedaço de nós se foi embora...


Não há...


Pilar fundamental de nossa base familiar...


Como aceitar a tua ausência eterna até o nosso reencontro...


O rumo se perdeu... A vida continua... Mas todas as tuas coisas continuam aqui presentes...


Difícil de acreditar que não vais voltar...


A sensação é de loucura...


Obrigados a retomar... sem saber por onde começar, com a falta que tu faz... permeados da tristeza de que não vais mais voltar...


De que não vais estar naqueles momentos mais importantes, mas que achamos que são tão pequenos...


Que não vais estar mais na hora de levantar, na hora de almoçar, na hora de jantar, na hora de dormir...


Não hora de comemorar, na hora de se abraçar, na hora de ser irmão, de ser tio, de ser cunhado, de ser filho, de ser namorado, de ser marido...


Como evitar a dor de olhar o vazio na foto, que vai ficar quando presentes os filhos...?!


Como aceitar mudar tuas coisas de lugar, dar-lhes um rumo se não somos capazes sequer de assimilar a tua partida... O que dirá de aceitar...


É loucura continuar...


Continuar a viver mesmo sabendo que esse mundo não era pra ti...


Que mesmo sendo um mundo louco, soubesses usá-lo da melhor forma possível como instrumento da tua felicidade...


Como acreditar que aquele cara tão calmo, tão quieto, tão sutil, tão discreto, deixou a sua marca e o amor que nós temos por ele todo acumulado no peito...


Não tem explicação...


Não há reação...


Não há orientação...


Além de loucos, vejo que, acima de tudo, ainda estamos verdadeiramente perdidos...

Márcia  Silva Vargas