FALANDO EM TURISMO
É necessário desenvolver o turismo em Pelotas. Concordo com isto. Não porque as indústrias são escassas, mas porque temos um grande potencial.
Possuímos um acervo arquitetônico fantástico, casarões, palacetes, charqueadas que revelam o apogeu e o requinte de uma Pelotas que foi centro cultural de uma época e impulsionou a riqueza e o desenvolvimento da região.
Temos muito mais. Existem locais belíssimos que restaurados poderiam ser explorados de forma adequada e implementar o turismo histórico.
A beleza externa do antigo quartel revolucionário deu vida nova aquele lado da Praça Coronel Pedro Osório, assim como o prédio do Sobrado na Rua 15 de Novembro com Sete de Setembro.
Carecem de melhorias o belo prédio do Clube Caixeiral, do Clube Comercial, Teatro Sete de Abril, o Teatro Guarani e também outros imóveis de particulares que retratam outras épocas.
A exploração do aspecto histórico e turístico do Arroio Pelotas com empresas que se dedicassem a explorar e vender pacotes em embarcações dotadas de segurança e conforto para o fim a que se destinassem, de uma forma profissional e responsável, com regularidade e incluindo guias turísticos capacitados dando com isto oportunidade de trabalho aos formandos dos cursos aqui existentes nesta área seria uma boa opção.
Muitas são as pessoas envolvidas e comprometidas com o turismo que lutam incessantemente procurando uma alternativa para desenvolver Pelotas, tanto na hotelaria como no turismo cultural, rural e de eventos.
Outros espaços poderiam se abrir como o do turismo de negócios e o religioso.
Temos instituições como museus, entidades tradicionalistas, associações culturais representativas de etnias que são importantes na história local e que são capazes de produzir eventos que atraiam grande público.
Reiterando o que já falei em outras ocasiões, somos um pólo educacional importantíssimo, com material humano fantástico, capacitado para auxiliar em ações adequadas para obtenção de resultados eficazes.
Um dado que julgo muito importante é a capacitação de todos os envolvidos direta e indiretamente.
Considero primordial para atrair e fidelizar clientela, em qualquer lugar, um atendimento de qualidade. Isto envolve cuidados na aparência, na linguagem, na postura, no conhecimento do produto, na abordagem do cliente, no interesse em corresponder ao que o cliente deseja e ainda outros itens como compatibilidade de preço com a qualidade do produto.
Respeito ao público é um item fundamental em qualquer situação, ou atividade. No turismo é um referencial de peso.
O que nos desfavorece em relação a outras cidades é a vocação para o turismo, que parece ainda não despertou ou não desabrochou em toda sua plenitude.
É ter matéria prima e não saber aproveitá-la em proveito de todos.
É preciso envolvimento geral, inclusive no que se refere a aspectos básicos e elementares como manter a cidade limpa e não depredar patrimônio público, que ao contrário do que alguns pensam é de todos.
Estou a discorrer sobre isto, porque neste belo domingo de sol, um pouco frio nestas primeiras horas da manhã, lembrei-me de um belo lugar onde estive esta semana e no qual hoje ocorre a Festa do Morango.
Refiro-me à zona colonial, ao Recanto dos Coswig, local de natureza ímpar.
Estive em local vizinho, uma área própria para camping que se assemelha ao paraíso. Arroio límpido, som celestial da água a bater nas pedras, vegetação nativa de um verde capaz de envolver e acalmar o mais tenso habitante urbano.
Conversamos com o proprietário do local. Revela-se desconsolado com o pouco investimento e apoio e por conseqüência com a impossibilidade de desenvolver mais o local. A condição da estrada é precária (a tão falada Federeca). Constatamos isto. Estrada quase intransitável. Difícil chegar até lá.
O que lá existe além da obra da natureza é resultado de um trabalho individual, isolado, tímido, pois não há ação integrada nem incentivos adequados que possibilitem o desenvolvimento de um empreendimento de porte.
Vimos um pequeno museu que foi aberto para visitarmos no qual encontramos junto a objetos de adorno e utensílios antigos a maravilhosa engrenagem do moinho que inclusive dá nome ao local.
Investimento poderiam transformar a pequena área do museu e o entorno num belo restaurante com visão panorâmica para o arroio.
Em outra região da colônia de Pelotas, os pequenos proprietários se uniram e desenvolvem de forma conjunta um plano de expansão e divulgação da colônia e de seus respectivos produtos, orientados por instituições de apoio pesquisa e expansão.
Creio que este é um caminho aberto de forma consciente, responsável e cidadã. É a materialização da força da sociedade civil organizada em prol da comunidade e do desenvolvimento de uma região em todos os meses do ano.
É um trabalho constante, detectando as necessidades e buscando soluções de forma contínua, gradativa.
È assim que as coisas acontecem, fruto de trabalho, disciplina, dedicação sem esperar medidas fantásticas, ocasionais, milagrosas dos tempos de campanhas eleitorais.
Publicado no portal:http://www.olhasoaqui.com
Data:2007.11.05
Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2008.01.24
Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS como Falando em Turismo II
Data:2008.02.18