sábado, fevereiro 24, 2007

CARTÃO POSTAL


Foi acertada a decisão de virmos para o Laranjal no final de semana e aqui ficar no feriado de carnaval. Cheguei e logo fui caminhar na praia, desta vez acompanhada de minha neta, o que possibilitou que conversássemos bastante. Juntas apreciamos a beleza que estava à nossa frente, como um lindo postal. Sim, uma imagem única, digna de ser documentada, através de uma foto ou de uma tela, para ser apreciada pelos admiradores da natureza e da arte. Como não tinha máquina à mão e não sei pintar telas, decidi escrever, embora saiba que minhas palavras não darão ao leitor a noção correta da magnífica paisagem que admirávamos naquele momento.
A água não se movia, como se não desejasse perturbar com qualquer barulho ou prejudicar, com o mínimo movimento, a beleza plástica do momento, nem alterar a perfeição do quadro que as pessoas que ali estavam tinham diante dos olhos. O céu era de um azul intenso, muito limpo, quase sem nuvens. Não havia vento, o que é muito raro. Fomos até a beira da lagoa( ou deveria dizer laguna?). Embora o verde das algas junto a areia, vimos que a água estava limpa.
É uma lástima que muitos não valorizem a beleza que temos tão perto de nós.
A imagem era de beleza, de perfeição, de tranqüilidade e paz.
Cobra-se muito das autoridades providências para inúmeras questões, melhorias, soluções, mas também temos que nos conscientizarmos que muito pode ser feito pelo cidadão comum, visando não só o pleno exercício da cidadania, como ensinar aos mais jovens que o meio ambiente também é responsabilidade de cada um. Não podemos permitir que a inconseqüência, a falta de noções sobre cuidados e preservação do meio ambiente comprometa o equilíbrio do eco-sistema a ponto de não sabermos se as futuras gerações terão a possibilidade de usufruir de tudo isto.
Desfruto da paisagem de fim de tarde, sorvendo com prazer cada momento, observando a lagoa, o pôr-do-sol, o encontro com as pessoas amigas ao longo do calçadão.
É cada vez maior o número de pessoas que trocam o centro pela praia, aqui se fixando, pois a distância não é mais fator impeditivo, face à vantagem do sossego, da tranqüilidade, do espaço, do contato com a natureza.
O crescimento das atividades econômicas no ramo do comércio, prestação de serviços facilita a vida dos moradores, não sendo necessário deslocar-se até o centro para suprir as necessidades de abastecimento.
O Laranjal tem até carnaval para quem gosta de folia. É um carnaval bem familiar, sadio, descontraído, sem cordas, arquibancadas, ingresso pago, lugar delimitado, permitindo a participação natural no qual o expectador vira folião, se assim o desejar.
Entre conversas, encontros, observação e pensamentos chegamos ao trapiche e subimos até onde havia a lateral do mesmo. Aqui não foi permitida cobrança, embora ele necessite de reparos, conservação, manutenção.
Em Atlântida, na plataforma de pesca, para uma simples visita, é cobrado o valor de dois reais e cinqüenta centavos por pessoa. No local que é de concreto há luz, banheiros, bar, tanques de azulejo para limpeza do pescado, local para guardar material de pesca dos associados, bancos e espaços numerados para melhor organização dos pescadores. Contradições! Lá a cobrança reverte para a própria estrutura. Aqui não se cobra, mas também não há estrutura. Qual a melhor situação?
Sigo minha caminhada, ciente que não podemos desperdiçar estes momentos de pura confraternização, comigo mesmo, com as pessoas e com a natureza que nos circunda.


Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2007.02.25
Publicado no site:http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3533787
Data:2012.03.04

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