sábado, fevereiro 14, 2009

MUDANDO O RÍTMO


Aproveito o período na praia para ler, viver sem horários, sem compromissos e para refletir. Uma das conclusões que cheguei é que devo diminuir os compromissos. O volume deles, a exigência pessoal de cumpri-los da melhor maneira possível, mesmo que nem sempre o consiga é algo que me deixa preocupada. Esta decisão foi reforçada pela leitura de um livro (que foi indicado no início do ano passado e só agora consegui ler) que trata do assunto, ou seja, da necessidade de desacelerar, de viver com mais qualidade e menos desgaste.
Há um movimento que proclama a desaceleração para o Bem Viver, sendo seguido por muitas pessoas, nas mais diferentes cidades, em vários países, e adotados por governantes que adotam políticas públicas neste sentido.
A idéia é não viver obcecado pelo tempo, permitir-se relaxar, pensar, curtir momentos, tarefas, não se prender nas exigências de velocidade do mundo moderno.
Durante a leitura do livro percebo que apesar do que muitos falam, dos comentários pessimistas, das rivalidades políticas, da falta de oportunidade de trabalho em determinados segmentos, Pelotas é uma cidade que se poderia dizer que se enquadra em alguns princípios do Bem Viver, da desaceleração, de valorizar a qualidade e não a quantidade , pela preservação de coisas que valorizam o passado, as coisas simples, as coisas artesanais, mais elaboradas. Isto não significa renegar o progresso, a tecnologia, mas utilizar-se dela para promover os valores que cultivam.
Segundo o autor do livro, nas cidades que aderiram ao movimento denominado “Devagar”, é possível tomar um cafezinho descansadamente nas mesas ao ar livre, (basta lembrar do Laranjal, de alguns eventos culturais, do tradicional café, ponto de encontro, de troca de idéias, academia de discussões políticas), desfrutar das praças, (mesmo que apenas uma tenha melhorado um pouco suas condições, em especial no Natal) e parques, valorizar as coisas características de cada uma das cidades em especial (no nosso caso, a riqueza arquitetônica, patrimônio histórico, culinária portuguesa, doces artesanais) sendo também possível deixar o carro de lado e desfrutar de uma caminhada, passear de bicicleta (temos grupos de pessoas que se reúnem pelo prazer de uma boa caminhada ou de andar de bicicleta, explorando pontos diferentes, em finais de semana).
Manifestos do movimento enumeram cinqüenta compromissos para melhorar o nível de vida dos habitantes das cidades, os quais não são nem de longe fora da alçada do cidadão que deseja promover a própria qualidade de vida além de contribuir para a melhoria da cidade. Entre eles é possível destacar a diminuição do barulho, do tráfego, o aumento dos espaços verdes, zonas especiais para pedestres, apoio aos agricultores da região( o que vai refletir na qualidade e custo da alimentação) às lojas, mercados, restaurantes que vendem seus produtos. Incentivo à preservação das qualidades estéticas e culinárias locais, estímulo ao espírito hospitaleiro local (mola propulsora do turismo), incentivo à preservação de imóveis com características locais ou de época. O objetivo de tudo isto é acima de tudo criar um ambiente no qual as pessoas possam resistir á pressão exercida pelo relógio, fazendo tudo de uma maneira rápida e estressante.
Promove o prazer de viver as coisas simples, verdadeiras, como a alegria de confraternizar com amigos, sendo a elaboração dos pratos, a conversa, o objetivo maior, pois tudo é feito com calma, alegria, bom humor, prazer, servindo como um importante auxílio para melhoria da qualidade de vida, para a harmonização das relações, e a prevenção de enfermidades relacionadas à pressão decorrente do modo de vida atribulado.
A preservação dos horários de refeição, sem aparelhos de televisão no ambiente (com todo tipo de informação) por mais simples que seja a culinária, degustada lentamente em um ambiente calmo é bem melhor do que ingerir uma comida, rapidamente na frente de um aparelho de televisão.
Creio que adoção de alguns destes pontos já é um bom passo para a diminuição da ansiedade, da violência, para maior humanização dos ambientes e espaços públicos, o que sem dúvida melhora o cotidiano das pessoas.
Neste sentido, toda a tentativa é válida e bem vinda.
imagem:http://www.americanas.com.br
Publicado no Diário da Manhã- Pelotas- RS
Data:2009.02.15 - Domingo
Publicado no site:http://www.gostodeler.com.br/
Data:2009.02.16
Publicado no site:http://www.olhasoaqui.com/
Data:2009.02.17
Publicado no site:http://icsvargas.bloguepessoal.com/
Data:2009.02.18
Publicado no site:http://www.3milenio.inf.br/
Data:2009.02.27
Publicado no site:http://www.wmulher.com.br/
Data:2009.03.02