Indagações
Por qual estrada trilhas teus passos?
Para quem sorris teu doce sorriso?
Que paisagem contemplas neste momento
Em que eu só vejo tristeza e dor?
Em que mar banhas teu corpo
Que não o meu rio de lágrimas?
Quem segura tuas mãos tão queridas
Macias, delicadas e carinhosas
Que tanto segurei em vida
E me estendesses com amor
Que tanto afaguei
Quando o gelo da morte as atingiram
Numa tentativa vã de reanimá-las.
Em qual estrela te encontras
Para cada vez que erguer os olhos
Poder te enxergar filho amado?
Em que onda mergulhas
Para que eu possa te ver e cuidar
Como fazia na tua infância
E sempre dizia:
Não fica distante para
Que eu possa te ver
E socorrer a qualquer hora
Como na ocasião
Que te tornaste um anjo
Ao salvar as meninas
Nas correntes do mar.
E tu meu doce menino-anjo
Por que toda a dignidade
Que demonstraste
Em teus curtos, mas profícuos 23 anos
Não foram suficientes
Para te livrar das garras implacáveis da morte?
Como conseguimos até aqui chegar
Sem nunca termos nos separado
Por tanto tempo?
Por que tantas perguntas
E nenhuma resposta
Que aplaque nossa dor?
Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2010.08.09