quarta-feira, junho 23, 2010


Indagações                        
     












Por qual estrada trilhas teus passos?


Para quem sorris teu doce sorriso?


Que paisagem contemplas neste momento


Em que eu só vejo tristeza e dor?                      


Em que mar banhas teu corpo


Que não o meu rio de lágrimas?


Quem segura tuas mãos tão queridas


Macias, delicadas e carinhosas


Que tanto segurei em vida


E me estendesses com amor


Que tanto afaguei


Quando o gelo da morte as atingiram


Numa tentativa vã de reanimá-las.


Em qual estrela te encontras                   


Para cada vez que erguer os olhos


Poder te enxergar filho amado?


Em que onda mergulhas


Para que eu possa te ver e cuidar


Como fazia na tua infância


E sempre dizia:


Não fica distante para


Que eu possa te ver                           


E socorrer a qualquer hora


Como na ocasião


Que te tornaste um anjo


Ao salvar as meninas


Nas correntes do mar.


E tu meu doce menino-anjo


Por que toda a dignidade


Amor, fidelidade, fé


Que demonstraste                                 


Em teus curtos, mas profícuos 23 anos


Não foram suficientes


Para te livrar das garras implacáveis da morte?


Como conseguimos até aqui chegar


Sem nunca termos nos separado


Por tanto tempo?


Por que tantas perguntas


E nenhuma resposta


Que aplaque nossa dor?




Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2010.08.09