sexta-feira, agosto 27, 2010

CATARSE

ESCREVO PARA ALIVIAR A DOR.

TENHO CONSCIÊNCIA DO PROCESSO DE CATARSE QUE OCORRE.
É DIFERENTE DE QUANDO ESCREVIA SOBRE O COTIDIANO.

MINHAS CRÔNICAS RETRATAVAM MINHAS VIVÊNCIAS, ASSIM COMO AS VIVÊNCIAS DE OUTROS QUE DE ALGUMA FORMA ME DESPERTAVAM ALGUM SENTIMENTO.
ESTAVA ABERTA PARA O MUNDO, A VIDA,  O APRENDIZADO,  AS  PESSOAS,  A DESCOBERTA DE MUITAS COISAS DENTRO DE MIM E NO ENTORNO.
HOJE, VOLUNTARIAMENTE, ME RECOLHI. OU A DOR ME RECOLHEU. OU A VIDA SE FEZ DE ROGADA , SE ESCONDEU, PERDEU O ENCANTO  E EU SEGUI SEUS PASSOS.

ESCONDO-ME DA VIDA, DA DOR DE MIM MESMA ,DO FUTURO QUE É UM VIAJANTE DESCONHECIDO  NO TEMPO.
O MAIS DOLOROSO É DESCOBRIR QUE PERDEMOS AS PESSOAS QUE AMAMOS E SEGUIMOS RESPIRANDO, SOBREVIVENDO.

É UM PROCESSO EXPIATÓRIO.

AS DORES , QUANDO FÍSICAS , MESMO NAS AMPUTAÇÕES, SARAM ,EMBORA A APARÊNCIA DIFERENTE E OS SINAIS QUANDO EM TEMPO DE INTEMPÉRIE.
 A DOR DA ALMA CORRÓI, EMBORA OLHANDO POR FORA, TODOS OS MEMBROS PESSOAIS ESTEJAM NO LUGAR.
NA VERDADE, FOI A ALMA QUE SE FOI.
O QUE DÓI É O VAZIO, A FALTA DE SENTIDO, O DESPROPÓSITO DA SITUAÇÃO.
ANTES, ESCREVIA PENSANDO TOCAR O CORAÇÃO DAS PESSOAS.
HOJE, ESCREVO PARA ENCONTRAR OS PEDAÇOS DO MEU.

Publicado no livro Criadores & Criaturas .CBJE/BrLetras
http://www.camarabrasileira.com/criadoresecriaturas.htm
Publicado na Antologia on Line
http://www.camarabrasileira.com/cc10-009.htm


LINK PARA UMA LINDA MENSAGEM ENVIADA COM MUITO CARINHO POR SILVIA CARVALHO, ALUNA DO MEU FILHO.




http://www.meu.cantinho.nom.br/mensagens/partida_chegada.asp


PARTIDAS E CHEGADAS





Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.






O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.






Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.






Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".


Terá sumido? Evaporado?


Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.






O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade


que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.






O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz:


já se foi, haverá outras vozes,


mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".






Assim é a morte.


Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".






Terá sumido? Evaporado?


Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.


O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.






Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.






E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:


já se foi, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".






Chegou ao destino levando consigo


as aquisições feitas durante a viagem terrena.


A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.






Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.






A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.


Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.






Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajantes da imortalidade que somos todos nós.






(Richard Simonetti)
















NA BUSCA INCESSANTE DE UMA EXPLICAÇÃO,
DE UM CONFORTO,POR MEU FILHO , POR MIM,
PARA AMENIZAR A DOR DA SAUDADE, DA PERDA.