POESIA EM FORMA DE CONTO
Desejo partilhar o encantamento com a leitura de um livro de Mia Couto. São vinte e nove contos escritos com habilidade e com a magia característica de quem tem o dom de criar palavras (neologismos) e com elas brincar, tecendo histórias de vidas e de sonhos.
Alguns trechos me faziam lembrar de minha professora de literatura, ao dizer, parafraseando Schopenhauer, que literatura boa é aquela que não se esgota em uma leitura, mas sim a que a cada leitura descobrimos algo novo. Em outras me faz lembrar minha amiga Estrella, cujas palavras são sempre envoltas numa aura poética que só aqueles que veem o mundo com olhos diferentes conseguem transcrever e por isto mesmo são pura magia. Percebem poesia em cada olhar, em cada momento do cotidiano.
Em meio a comoventes histórias (como a do menino que queria morrer e por isto propôs ao avô trocar de lugar com ele), descobrimos lições como as que abaixo transcrevo:
-“Criancice é como amor, não se desempenha sozinha. Faltava aos pais serem filhos, juntarem-se miúdos com o miúdo. Faltava aceitarem despir a idade, desobedecer ao tempo, esquivar-se do corpo e do juízo. Esse é o milagre que um filho oferece – nascermos em outras vidas”.
Em outro conto sobre a avó que não entendia a viagem do neto para viver em um hotel onde aqueles que o acompanhariam no dia a dia eram meros desconhecidos, sem saber o nome de quem lhe prepararia o alimento, temos uma visão poética do cotidiano: “Cozinhar é o mais privado e arriscado ato. No alimento se coloca ternura ou ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Cozinhar não é serviço. Cozinhar é um modo de amar os outros.”... Para esta avó um país estrangeiro começa onde já não reconhecemos parente.
Sobre o menino que fazia versos e não era compreendido, motivo pelo qual foi levado ao médico como se enfermo fosse retiramos o diálogo abaixo:
Ao ser inquirido pelo doutor sobre se algo lhe doía responde:
-Dói-me a vida, doutor.
-E o que fazes quando te assaltam essas dores?
-O que melhor sei fazer, excelência.
-E o que é?
- É sonhar.
Na epígrafe deste conto, temos o verso do menino que fazia versos:
De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar se o que vivo é menor do que o que sonhei?
Nas palavras de Mia Couto percebe-se ritmo, como no primeiro parágrafo do conto Meia culpa, meia própria culpa:
“Nunca quis. Nem muito, nem parte. Nunca fui eu, nem dona, nem senhora.
Sempre fiquei entre o meio e a metade. Nunca passei de meios caminhos, meios desejos, meia saudade. Daí o meu nome: Maria Metade.”
De história em história vamos descobrindo encontros e desencontros, dores e alegrias, sonhos e realidade, numa forma característica do autor, que retrata a fala do homem da sua terra natal, Moçambique, revelando entre os erros e acertos de cada personagem a humanidade de todos nós.
Publicado no site:http://icsvargas.bloguepessoal.com/
Data:2009.04.24
Publicado no site:http://www.gostodeler.com.br/
Data:2009.04.24
Publicado no site:http://www.wmulher.com.br/
Data:2009.04.27
Publicado no site:http://www.olhasoaqui.com/
Data:2009.04.28
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Data:2009.04.29
Publicado no Diário da Manhã- Pelotas-RS
Data:2009.05.01
Publicado no site:http://www.brasilescola.com.br/
Data:2009.11.13
Publicado no site:http://www.dominiocultural.com/
Data:2009.12.28
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Data:2009.12.28
Publicado no site:http://www.paralerepensar.com.br/
Data:2009.12.28
Postado no site:http://www.portalliteral.com.br/artigos/poesia-em-forma-de-conto
2010.02.25
http://www.luisfernandoverissimo.com.br/artigos/poesia-em-forma-de-conto
2010.02.25
Vide:http://www.rubemfonseca.com.br/artigos/poesia-em-forma-de-conto
Publicado no site:
http://www.varaldobrasil.ch/23201/128701.html
Em fevereiro de 2011
Publicado no :http://www.osconfradesdapoesia.com/Biografia/IsabelVargas.htm
Data:2011.01.31
Publicado no site:www.recantodasletras.com.br
Data:2012.01.12
Publicado na Revista Eisfluências -Portugal 2012
Publicado no Varal do Brasil em Abril de 2013 -Suiça
http://pt.scribd.com/doc/132127076/Varal-do-Brasil-22