Oh, pedaço de mim, oh, pedaço amputado de mim.
CHICO BUARQUE
Não saberia precisar o quanto tenho recebido de carinho, atenção e amor por parte das pessoas.
Já agradeci, mas sempre é importante reconhecer e mostrar o quanto estão fazendo para nos afagar, acalentar.
Agradeço aos que nos telefonam, visitam, aos que nos ofertam sua doçura, trazem livros, aos que em todo lugar que vamos nos abraçam, aos que via correio eletrônico nos mandam mensagens lindas tentando nos confortar, que entendem que nosso sorriso fugiu dando lugar às lágrimas, independente de nossa vontade.
Sobretudo agradeço aqueles cujas palavras chegam ao nosso coração, pois compreendem o tamanho de nossa dor que não tem nome, não tem dimensionamento, não tem comparação ou paradigma, que de tão imensa não tem no idioma nenhuma palavra que a defina ou identifique tal lacuna que é a perda de um filho.
Quem perde os pais é órfão, mas quem perde um filho como definir?
Somos como exilados, expatriados, privados do contato, da vivência, do odor característico, da comunhão diária de parte de nós mesmos.
Somos qual errantes sem lugar que lhes caiba pelo tamanho da dor que lhes sobressai corpo à fora, arranca as entranhas, estraçalha a alma, fazendo perder todos os sentidos.
Um filho é como o sal da vida, luz do mundo e mesmo com todo carinho, amor, dedicação e cuidado que devotamos não conseguimos impedir sua partida, não somos donos de nossos destinos.
A impotência nos emudece, aniquila e paralisa.
Por isto obrigado aos que entendem isso, secam nossas lágrimas, choram conosco ou conseguem com sua luz enxergar nossa alma .
Deus os abençoe.