Amigos animais
Amigos animais é um trabalho realizado em conjunto pelo Grupo do Varal do Brasil no Facebook e foi organizado por Sandra Nascimento.
*Publicado também no Blog do Varal!
Calapsita, a sucessora
Lúcia Laborda
Já tive um filhote de pastor belga, nascido em casa. Com problemas nas patinhas traseiras não conseguia andar, se arrastava. Ele era tão amoroso, que enquanto eu cozinhava, ficava deitado aos meus pés. Mas não sobreviveu e por isso eu chorei muito. Ainda hoje, quando lembro tenho vontade de chorar. Mas, em compensação, Deus colocou em minha vida, sem que eu quisesse, uma calopsita, que além de cantar e falar, quando passo fica gritando "mainha, mainha", porque aprendeu com meus filhos. O mais engraçado é que ela me conhece mesmo.
O louro de minha casa
Raimundo Cândido
O louro de minha casa não vivia no seu poleiro, tal peça de bibelô, como queria minha irmã mais velha. Ao contrário, comportava-se como alguém da família. Exigia comida tão logo ouvia barulho nas panelas, arremedava os meninos chorões e ainda achava graça, em desbragado deleite, de qualquer situação que lhe parecesse um gracejo. Sempre achei que os seus dotes de malabaristas lhe sairiam caros, pois todo dia descia na corda do cacimbão para matar a rara sede. Um dia, algum desprevenido deixou a corda solta... Hoje, em todo poço profundo, ouço as gargalhadas do velho louro, metido à trapezista!
Amor de poodle
Isabel Vargas
Quando solteira tive em casa dois gatos. Foi o máximo que consegui. Apeguei-me a eles e lembro-me de chorar, quando um caiu de uma altura considerável e não conseguia caminhar. Meu marido e eu tivemos um cão pastor alemão, que teve de ficar com os pais dele, porque fomos morar em apartamento. Depois do nascimento dos filhos, ainda tentamos ter cachorros de pequeno porte, mas não tivemos sorte. Nossos filhos sempre nos pediam com a maior insistência, para ter cães em casa. Obviamente, não podíamos atendê-los, pois quatro filhos e cães em apartamento, com ambos trabalhando era algo impossível de manter. O máximo que conseguimos, para atenuar a frustração deles, foi ter pássaros e peixes. Para sorte deles, no verão, na casa de praia, sempre aparecia algum cão, que por ser bem tratado, alimentado, acabava ficando durante o tempo que lá permanecíamos. Por duas vezes, gatas deram cria em nossa garagem, para felicidade deles, que depois se encarregavam dos filhotes, seu cuidado e sua distribuição. Mas, o tempo passou, eles cresceram, nós nos aposentamos e por inúmeros motivos, resolvemos comprar um poodle para nossa neta, achando que iria ser bom, por uma série de circunstâncias. Não podia imaginar, passado um ano, que ele iria nos ensinar tantas coisas. Dá trabalho e gastos, é claro. Banho, vacina, tosa veterinário, até radiografia, por ocasião das peripécias que aprontou, mas, ele, o irracional, nos dá demonstração diária de alegria, companheirismo, carinho, apego, fidelidade, cuidado e amor incrível. Ele reconhece cada membro da família, mesmo os que não moram no mesmo local e cada um que chega, é uma festa. Ele deixa o que está fazendo para ir recebê-los, assim como a nós, quando chegamos em casa. Demonstra toda sua alegria, pelo retorno. Embora pequeno, serve como um grande cão de guarda, dando sinal a cada movimento diferente do habitual. É obediente, companheiro, estando sempre ao nosso lado, quer ganhe um afago, um carinho ou não. Se estamos tristes e não queremos brincadeiras, ele igualmente permanece quieto, ao nosso lado, como quem diz:- Estou aqui. Neste exato momento, parece que sabe que estou escrevendo a seu respeito, pois saltou de meus pés, para o meu colo. Se apronta qualquer coisa e ralhamos com ele, baixa a cabeça, fica quieto e sem rancor ou raiva, logo vem pedir carinho. Vi há poucos meses uma propaganda que ressaltava as qualidades do cão, dizendo que nós, os humanos racionais, tínhamos muito a aprender com ele. É verdade, principalmente o seu amor incondicional que é o mais importante, sem cobranças.
Livros infanto-juvenis
Dulce Rodrigues
As aventuras com os meus animais de estimação estão contadas nos meus livros infanto-juvenis, falta somente a da Fifi (a gatinha que adoptei vai para um ano), mas ainda não vai ser em breve.
Paris Greap e eu
Rosana Freitas
Paris Greap é o nome de minha Lhasa apso. Um dos sentimentos mais profundos que senti foi quando viajei e a deixei aos cuidados de uma amiga. Ao retornar ela não estava à minha espera e minha amiga disse que ela tinha sumido... Chovia, fazia frio e meu coração se rasgou em desespero sem saber se ela estava viva ou morta. Lembrei que ela morria de medo de altura, tinha asma... Mas me entendia como ninguém.
Durante uma semana senti o inferno na terra e jamais achei que passaria por esse turbilhão de sentimentos. Até telefonema de pedido de resgate eu recebi. À noite, eu andava pelas praias desertas de minha cidade, gritando pelo nome dela e orando a Deus que tivesse misericórdia. O que mais doía era não saber se ela estava viva ou morta.
Boatos correram pela cidade de que Paris estava sendo mantida presa para procriação e sendo induzida a entrar no cio através da introdução de objetos estranhos em suas áreas intimas. Nunca imaginei, nem em meus mais profundos pesadelos que isso existisse. Ninguém pode fazer ideia de como fiquei... Eu não comia, nem dormia.
Mas Deus, em sua infinita misericórdia, uma semana depois, enviou um anjo em forma de ser humano. Anjo que, por ver meu apelo na internet, acabou me ligando à uma hora da manhã para dizer que estava com a minha cachorra. Essa pessoa explicou que na mesma noite do desaparecimento, Paris entrou em sua casa e ela a acolheu com cuidados. Mas como não sabia a quem pertencia e não usava o computador com frequência, não pôde devolver. E então numa noite, antes de dormir, resolveu conferir o facebook e assim que abriu viu meu apelo. Eu postava mais de vinte pedidos por dia. E por isso, ela me ligou de madrugada. Nesse momento eu chorava e agradecia a Deus ao mesmo tempo. E assim Paris Greap foi devolvida.
Hoje ela anda comigo onde quer que eu vá... Só Deus para cuidar do que é nosso!
Iris, a gatinha companheira
Maria Nilza Campos Lepre
Durante toda minha vida, sempre tive um dois ou mais cachorros em minha casa, mas, sofro muito quando morrem por doença ou por velhice. Os animais caseiros vivem muito pouco em relação a seus donos e a cada perda o sofrimento é muito grande. Sofro como se um membro da família houvesse nos deixado...
Estávamos em São Paulo, minha neta, acabara de fazer uma defesa de tese na faculdade Anhembi. Como estávamos próximos a um Shopping Center, filha e neta resolveram fazer algumas compras e almoçar por ali mesmo. Eu ainda não me encontrava muito bem de saúde, tinha sofrido uma embolia pulmonar e preferi ficar sentada na praça de alimentação enquanto elas saíram às compras. Meu neto, filho de outra filha, que nos acompanhava nesta ocasião, resolveu ficar comigo, deu como desculpa o fato de que não queria gastar, mas acredito que não quis em verdade me deixar sozinha.
Passado algum tempo, as duas retornaram com um brilho diferente em suas fisionomias. Tinham o ar de quem acaba de fazer uma traquinagem e vinham carregando uma maleta. Ao chegarem perto, pude perceber que era uma destas casinhas de transporte de animais. Sentaram-se ao meu lado, e colocaram a dita cuja sobre a mesa.
Olhei melhor e pude divisar bem no fundo a carinha de uma gata. Devia ter poucos meses de vida e se encontrava muito assustada, acomodara-se bem no fundo e mais parecia uma bolinha de pelos brancos, cinzas e com alguns tufos castanhos. No meio de tudo isso, dois olhinhos cor de mel, arregalados e brilhantes, encaravam-me como se estivessem a pedir socorro. Esse animalzinho, imediatamente tomou conta do meu coração. Minha filha retirou-a de onde se encontrava e a colocou em minhas mãos, era tão pequena que se acomodou direitinho nelas. Foi se ajeitando e acabou dormindo em meus braços. Estava com pena de colocar o bichinho de volta na casinha, mas acabei tendo que fazer isto, pois a refeição acabava de chegar.
Depois do almoço, as duas que estavam novamente com aquele ar maroto nos olhos, entregaram a maleta para mim e disseram: - Cuide bem dela, é um presente nosso para você. Meu coração quase parou de funcionar, tanta foi a emoção que senti. Mas ao mesmo tempo em que me sentia feliz, batia a insegurança. Comecei a recordar as perdas anteriores e, pensando nisso, tentei rejeitar. Argumentei que nunca havia cuidado de gatos. Mas, as duas foram taxativas: - Não aceitamos desculpas, presente não se recusa.
O nome que constava no pedigree era “Cris”, mas minha neta disse que ela tinha carinha de “Iris”, e assim passei a chamá-la. Atualmente é a minha companheira constante, tanto nas horas boas quanto nas más. Parece um cachorrinho. Onde estou, é só olhar ao redor que a encontro. Quando saio para algum passeio ou compromisso, ao regressar é sempre ela que esta à minha espera atrás da porta. Toda a noite, ela dorme no travesseiro que se encontra vago, desde a morte de meu amado. Hoje não saberia mais viver sem minha amiguinha. Que Deus a conserve por muitos anos, não quero ter de chorar por mais uma perda.
E esta é a história da minha gatinha Iris, um dos grandes amores de minha vida.
Um canto no meio da noite
Marilu R F Queiroz
Morávamos num apartamento lá pelos lados da Bela Vista. Meu sogro me deu um canário belga, ao qual batizei de Ricardinho. Era lindo, parecia que estava de casaco, pois sua cabeça e costas alaranjadas envolviam um peito branco que apresentava bem no meio uma faixa vertical na cor laranja, que mais parecia uma gravata. No pezinho direito, um anel indicava a sua procedência e lhe dava um ar majestoso, sempre muito esperto. Mas vivia solitário, pois era um pássaro criado em cativeiro. Nós morríamos de dó dele, por estar preso em uma gaiola e porque só o víamos à noite, por causa do trabalho e faculdade. Quando chegávamos por volta da meia noite o bichinho cantava tão alto, que fomos obrigados a devolvê-lo, pois os vizinhos começaram a reclamar e com razão.
Já imaginou no silêncio da noite um pássaro cantor?
Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...Titititititititi...
Saudades do Tom
Ly Sabas
Cresci cercada por cachorros, galinhas, papagaio, mico (isso ainda não era politicamente incorreto), mas quando casei demorei muito a ter um bichinho em minha casa. Minhas filhas já estavam grandinhas, quando gatos resolveram que nosso quintal era o local perfeito para passarem uns dias e foram ficando.
E vieram os filhos, e os filhos dos filhos e cuidar de arranjar lar de adoção a gatinhos era tarefa complicada. Um dia resolvemos que deveríamos ter apenas um macho, acreditando que não teríamos problemas com um monte de filhotes.
Porém, não tivemos o cuidado de castrá-lo e Tom, que era um gato muito consciente de seus deveres, virava, mexia e aparecia com uma namorada grávida para parir em nossa garagem.
E a história se repetia a cada seis meses, até que nos mudamos para Belém, capital do Pará, e o levamos em sua primeira viagem de avião. Lá, no apartamento, sem todo o espaço a que estava acostumado, nosso amiguinho aguentou pouco tempo. Deve ter ouvido falar no “Ver o Peso” e resolvido que merecia conhecer o famoso mercado.
Saiu, belo e fagueiro, enfeitado com suas listras cinza de tigre brasileiro e nunca mais nos deu o ar de sua graça.
Balú
Neyde Bohon
O cão amigo do homem
quase que racional
amigo e sincero
Seja vira-lata ou cão de raça
Cão de cego, pastor ou caçador
Quando brinca é quase uma criança.
Amigo no trabalho ou no lazer
Somente a morte encerra sua Fidelidade
Assim foi com a nossa Balú.
Galileu e Laika
Gladis Deble
Quando mudei de um apartamento para uma casa, ganhei um cão vira-lata de pelo amarelo e boca preta que recebeu o nome de Galileu. Ele adorava fugir para a rua. Em casa era amigo de todos e até buscava os jornais no portão, mas especializou-se em atacar bicicletas e motos. Um dia meu neto Huguinho surgiu com uma cachorra numa caixa. Ela era indisciplinada, cresceu rápido, ficou enorme e atacava as galinhas da vizinha. Passei muita vergonha com as estrepolias deles.
Nessa época meu marido adoeceu e eu trabalhava em outro município, pegava o ônibus às seis horas e tinha medo de sair para a rua sozinha, então acordava o Galileu para me acompanhar até o ponto. Ele demorava a acordar e a entender o que eu queria. Depois saía disposto e alegre. Na pracinha juntava-se a outros cães e a cada cruzamento ia se dispersando. Mas esperava-me embarcar e só então voltava. Lembro-me que em duas semanas ficou bem treinado. Quando sumiu por alguns dias, tive que acordar a Laika para me levar. Ela ia bem junto de mim, não se afastava nunca. Numa manhã, lá no ponto, uma moça que ia para Aceguá, falou: “É falta de responsabilidade deixar cachorros soltos na rua. Esses animais são muito bagunceiros. Eu sei que são seus, pois no seu dia de folga eles não vêm.” O ônibus chegou e eu não disse nada, não quis expor meus problemas para uma estranha.
O melhor disso tudo levarei na memória: o olhar amoroso e de compromisso que os dois tinham para comigo. Lembro-me que já no ônibus, eu olhava pela janela e lá fora via o focinho escuro e um par de olhos brilhantes e atentos que tornavam a minha vida possível.
Hoje, quando um dia frio remete a imenso vazio e algo ou alguém entristece meu viver, recordo aquela esquina e os cães na geada que cuidavam de mim.
Pela vida, pelos bichos
Ana Rosa Santana
Sempre vivi acompanhada de animais, herdei de meu avô essa paixão e quando penso nos amigos animais, automaticamente a imagem dele me vem à mente: um homem simples e sempre cercado de bichos, que não permitia (para desespero de minha avó) que matassem nem ratos na presença dele.
Ele dizia que nós é que éramos os culpados pelos animais se transformarem em prejudiciais à saúde, pois se os humanos cuidassem melhor do ambiente, esses bichinhos não portariam nem transmitiriam doenças.
Cresci com pavor de ver ou praticar qualquer tipo de maus-tratos a animais. Criei gatos e cães lindos. Hoje tenho dois gatos: a GG e a Sleep e um canário de onze anos chamado Tipe, que vi nascer e que possui muita energia. Não sei se seria a pessoa feliz e calma que sou se não fossem esses meus amigos; e meu avô, que me ensinou a amar e respeitar a vida acima de tudo.
Tartaruga de Chocolate
Sandra Nascimento
Certa vez atendi de pronto a um pedido do meu filho: “Mãe, compra uma tartaruguinha pra mim?” Sou contra comprar animais silvestres ou outro qualquer, mas era época em que andava meio desolada e triste, meu pai havia falecido. E sem pensar direito, para não desprestigiar nenhum dos filhos comprei logo duas. Uma pra cada um. Disseram-me ser de aquário, mas qual... Elas cresceram e acabamos por ter de arrumar uma piscina com ambiente próprio às duas.
Naquele tempo, a venda de tartarugas originárias de outros países ainda não estava proibida no Brasil, e pesquisando acabei descobrindo que elas eram provenientes do Sul dos Estados Unidos - provavelmente do rio Mississippi ou Alabama. Mas muita gente adquiriu esses bichinhos e meses depois os descartaram por terem crescido demais. Sei disso, porque ainda é possível ver muitas da espécie sobre pedras de córregos e lagoas. Confesso que não tive coragem de me desfazer das minhas, eram cativantes e cheias de charme. Viviam se lagarteando ao sol e se esticando na sombra. Alimentação: ração de cachorro ou carne crua. Seus nomes, respectivamente Verdinha e Estrelinha, batizadas que foram pelas crianças.
Ano passado morreu a menor, porque estranhou uma frente fria. Pobre Estrelinha, já estava adaptada ao nosso calor. Nesse dia, soubemos pelo veterinário que era um menino e muito provavelmente o marido de Verdinha. Agora, a piscina e sua largueza ficaram exclusivamente para a viuvinha que até parece alegre... Gosta da solidão e anda renascida por todos os cantos.
Entretanto, voltando ao começo, tem um detalhe que devo contar. Duas semanas depois de adquirirmos as tartarugas, meu menino – então com quatro anos –, falou: “Eu gostei, mamãe, mas não pedi dessas, a tartaruguinha que eu queria é de chocolate.”
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