BONS EXEMPLOS
Creio que grande parte dos televisores dos lares brasileiros deve estar ligada para as pessoas assistirem às competições que se desenrolam no Rio de Janeiro, nas diversas modalidades de competições do PAN.
Confesso que para mim houve um avanço por parte dos narradores, pelo menos por ora, comparando-se com a última Olimpíada e o Pan de Santo Domingo.
Naquelas competições o que mais ouvia era a comparação entre o número de medalhas obtidas pelo Brasil e pela Argentina, segundo eles, nosso maior rival. Sempre discordei de tal comportamento, pois creio que desta forma a mídia só faz acirrar rivalidades.
Convivi algumas ocasiões com argentinos, em ocasiões que estive em Buenos Aires e aqui também e posso afirmar que vivi momentos inesquecíveis de amizade, cooperação e fraternidade. É sabido que temos hábitos e costumes muito parecidos, promovendo muita identificação em vários aspectos. As fronteiras são questões políticas.
Quando as ignoramos em nome de um sentimento maior, constatamos que seria muito fácil o mundo viver em paz, se os homens realmente o desejassem.
Num país como o nosso, de imensa área geográfica e grandes disparidades econômicas, sociais, educacionais e culturais, no qual os investimentos nestas respectivas áreas são sempre inferiores ao que é realmente necessário, considerando o campo esportivo, que prepondera a iniciativa privada e o apoio é mínimo, para não dizer nulo dos setores governamentais, as medalhas obtidas têm sempre que ser muito festejadas, aplaudidas, valorizadas, pois no geral são frutos de intensa dedicação e obstinação individual, impulsionados pelos sonhos, luta, e dedicação extrema dos familiares, amigos e alguns dedicados colaboradores dos atletas.
Verificando realidades próximas constatamos que são poucas as escolas que mantém uma estrutura capaz de proporcionar a prática de várias modalidades esportivas além do futebol, destacando-se o vôlei, a ginástica olímpica e o basquete em algumas, sendo que me refiro às escolas particulares, porque nas públicas, a situação é mais precária ainda, tal o número reduzido de escolas que tem condições de proporcionar tais práticas, de modo a motivar e envolver o aluno desde cedo, para dar-lhes este suporte , de forma intensa e integral, no sentido de formar atletas nas mais diversas modalidades e dentro das camadas sociais mais necessitadas, considerando as aptidões individuais, que desde cedo percebidas pelos educadores, permitiriam o encaminhamento e aprimoramento desde a mais tenra idade.
O que se vê, na maioria das vezes, é a heróica atuação de abnegados professores, que trabalham tal qual artista, para poder ensinar seus alunos, fazendo rifas, envolvendo os alunos, a família, a comunidade em geral para comprar material, pintar quadra, restaurar ou reparar equipamentos.
Mesmo sendo considerados o país do futebol, o que vemos são atletas, astros que criam fundações para realizar ações que visem proporcionar a prática deste esporte, a educação e a socialização dos menores, numa tentativa de afastá-los de influências negativas que possam levá-los ao consumo de drogas e ao tráfico, nas chamadas zonas de perigo, nas periferias de grandes centros urbanos.
Geralmente, depois de obtidas medalhas, os patrocínios aparecem, às vezes em quantidade, visando associar determinados produtos ao atleta vencedor, para a promoção da marca, associando-a a bons desempenhos, sucesso, vitória, e outros aspectos positivos. Os que são bem orientados conseguem aplicando bem tais importâncias melhorar suas condições de treinamento, de vida, por bons períodos.
Acho que é a hora oportuna para a população deste país tão carente de ídolos, descobrir nos atletas bons exemplos de dedicação, capacidade, desprendimento, força de vontade para serem aplaudidos e seguidos.
È necessário que a mídia que dá tanta ênfase a fatos negativos, dê igual ou maior destaque às belas atuações dos jovens do Brasil.
Espero que as pessoas vibrem, torçam, aplaudam, valorizem, mas não deixem de prestar atenção em outros acontecimentos escandalosos que persistem no cenário político para que o esporte não sirva para desviar a atenção da população de fatos relevantes e de atitudes de improbidade. É necessário ter os olhos abertos e estar atento ao que acontece, para sempre termos condições de agir com discernimento.
Publicado no Portal:
www.olhasoaqui.com
Data:2007.07.22
Publicado no Diário da Manhã- Pelotas-RS
Data:2007.07.23
Republicado no Portal em:
www.olhasoaqui.com
Data:
14/03/2011 | 11:21:55