quinta-feira, setembro 16, 2010





Desabafo


A dor da perda  de um filho faz com que sejamos muito parecidos.
Nestes quase quatro meses, já fiz quase tudo isso.Já  disse, escrevi, pensei coisas que outras mães passaram ou estão passando.
Uma das constatações mais cruéis foi quando percebi que não importaria o que eu fizesse, ou o tamanho de minha dor, ou quanto amado meu filho tenha sido, ou seja ainda por todos, que nada iria mudar o acontecido.
É o peso do inexorável sobre nossas vidas.
Busco diariamente um modo de reaprender a viver .
Dentro de mim a dor é muito grande.
Outra constatação: Não importa quanto tempo passará (e isso é muito cruel - a dor da saudade-) vou levar meu filho junto comigo até meu último sopro de vida.
Não sei se acharei dentro de mim lugar para a alegria.
Meu coração está tomado pela tristeza.
Não consigo sequer admitir alegria diante de tamanha perda, diante do que considero injusto.
Sempre discordei de pessoas que diziam poder falar de felicidade porque já tinham passado por muito sofrimento.
Continuo sentindo que para ser feliz não temos que pagar altos preços.
Não devemos achar sentido na vida só após a infelicidade.
Podemos ser felizes sim, valorizar a vida, os momentos vividos e justamente por valorizar cada pequena coisa do cotidiano ,entendemos que só conseguimos suportar os revezes da vida, se tivermos um bom estoque interior de alegria, bons momentos,  vivências gratificantes,trocas afetivas, felicidade gratuita, pequenos tesouros guardados dentro de nós.
Felicidade, após a perda de um filho, ainda mais alguém como meu filho, apresenta-se como algo impossível.
Estou perdida no labiritnto do qual não achei a saída.Talvez nem exista saída. Tenha é que aprender a viver dentro dele.



Por que?

Logo o meu menino

Tão bom

Tão lindo

Estudioso

Honesto

Correto

Batalhador

Responsável

Amigo

Leal

Companheiro

Sincero

Amoroso

Seguro

Protetor

Equilibrado

Disciplinado

Generoso

F E L I Z

Amante da vida

Das pessoas

Dos animais

Respeitador da Natureza

Confiante em si mesmo

Temente a DEUS

PERFEITO

Teve que ir embora

Tão cedo ?

Por que?






Saudade







Meu filho que saudade



Que vontade de te ver



Abraçar, conversar contigo



Segurar na tua mão



-Que eu adoro-



Com teus dedos longos



Sempre ágeis no computador



Tão macias desde a infância



Quando o segurar na minha



Representava segurança



Proteção, aconchego



Como eu queria poder



Carregar- te no colo



E te apertar junto a mim



Para não te perder.



Sorrir com teu sorriso



Responder tuas perguntas



Escutar tuas certezas



Sentir teu cheirinho



Receber teu beijo na chegada



Abanar na saída



E esperar na madrugada.



Receber uma mensagem



Informando onde estavas



Ou enfatizando teu amor



Hoje tudo isso é passado



Lembranças inesquecíveis



Desejos impossíveis



Que me levam às lágrimas



E ao desespero



Por entender



Que já se passaram quatro meses



Que perdi todo esse bem querer



Todo esse tesouro



Que jamais me será devolvido.