É loucura...
É loucura pensar que não vamos te ver...
Que a vida ainda segue o ritmo normal e não pára para assimilarmos a dor da nossa separação...
Que segue o trabalho, o dia continua amanhecendo, anoitecendo e nada saiu do lugar...
Tudo está conforme deixasses e não voltas mais pra guardar, pra manusear, pra dar um destino em tudo aquilo que agora ficou pra trás...
A nossa vida não pára e somos obrigados a seguir nesse ritmo com uma sensação estranha de que alguma coisa está fora do lugar... De que estamos fora do ar... Que não está bem certo... Que falta alguma coisa...
E falta meu irmão...
Como falta...
Falta o MEU IRMÃO.
A dor da separação é tão irreal que se fossemos absorver tudo de uma só vez, certamente não sobreviveríamos... Seria FATAL!
É IRREAL,
É ABSOLUTAMENTE IRREAL...
Não há como acreditar que um pedaço de nós se foi embora...
Não há...
Pilar fundamental de nossa base familiar...
Como aceitar a tua ausência eterna até o nosso reencontro...
O rumo se perdeu... A vida continua... Mas todas as tuas coisas continuam aqui presentes...
Difícil de acreditar que não vais voltar...
A sensação é de loucura...
Obrigados a retomar... sem saber por onde começar, com a falta que tu faz... permeados da tristeza de que não vais mais voltar...
De que não vais estar naqueles momentos mais importantes, mas que achamos que são tão pequenos...
Que não vais estar mais na hora de levantar, na hora de almoçar, na hora de jantar, na hora de dormir...
Não hora de comemorar, na hora de se abraçar, na hora de ser irmão, de ser tio, de ser cunhado, de ser filho, de ser namorado, de ser marido...
Como evitar a dor de olhar o vazio na foto, que vai ficar quando presentes os filhos...?!
Como aceitar mudar tuas coisas de lugar, dar-lhes um rumo se não somos capazes sequer de assimilar a tua partida... O que dirá de aceitar...
É loucura continuar...
Continuar a viver mesmo sabendo que esse mundo não era pra ti...
Que mesmo sendo um mundo louco, soubesses usá-lo da melhor forma possível como instrumento da tua felicidade...
Como acreditar que aquele cara tão calmo, tão quieto, tão sutil, tão discreto, deixou a sua marca e o amor que nós temos por ele todo acumulado no peito...
Não tem explicação...
Não há reação...
Não há orientação...
Além de loucos, vejo que, acima de tudo, ainda estamos verdadeiramente perdidos...
Márcia Silva Vargas
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