quarta-feira, novembro 10, 2010


                                    CARTA PARA ROBERTO




Desde que tudo aconteceu não consegui dizer uma palavra, simplesmente, mergulhei em um mundo de silêncio, onde busquei todo esse tempo respostas às perguntas que me faço a cada momento, tentando entender o que está acontecendo, porque está acontecendo, buscando, no fundo, uma esperança de consolo e paz.

São mais de quatro meses enfrentando cada minuto, cada hora, cada dia a dor da tua ausência, cada almoço sem a tua presença, sem a tua constante alegria e forma de viver e vencer. Ficam as lembranças... Ah e que lembranças do teu sorriso maroto, dos teus ricos olhos azuis como o céu, do teu modo de falar, das brincadeiras dos churrascos, da tua voz que mesmo desafinada, não te impedia de cantar, de teu empreendedorismo frente aos teus ideais, desde o ACONTECE, empresário da banda, até a criação da tua empresa, tuas conquistas, todas marcadas com alegria e comemoração, desde o primeiro aniversário de pirata, a Banda co Colégio, a primeira namorada, até a formatura., onde lembro bem o pai te levantando no colo, como se te oferecesse ao céu,de tão grande que eras para todos nós. Eras, não mano, és! Para sempre, pois nunca, jamais esqueceremos o anjo maravilhoso que compartilhou 23 anos junto a nós.

Lembro do presente para Júlia que ajudei a escolher, de quando me levaste para ver o quarto que querias comprar, das compras para a reforma do apartamento novo, do teu lindo carrinho, vermelho brilhante que ajudei a tirar o pó para brilhar mais ainda no primeiro dia em que o viste, dos cuidados que tínhamos cada vez que viajávamos, deixando-te ficar sempre entre os demais carros, para te protegermos, do salvamento da Gika e da Ost em Camboríu e até da vez em que tivemos que ir embora do boliche, também em Camboriú, porque tua fralda vazou, sujando todo o braço do pai.

Ai RO, são tantas, mas tantas as lembranças, tão vivas, tão profundas que o tempo jamais apagará. Nossa vida com você foi “perfeita”, foi muita felicidade desde o dia em que fui te ver no hospital, em uma sexta-feira santa,cheio de pintinhas no rosto,tão pequeno perto de como eram as gurias,, mas logo se tornando o nosso “alemão”. Um anjo , nunca brigou, nunca se indispôs com ninguém , sempre assim. Até terça-feira, último dia que te vi, reclamando do xixi do Baruc e depois me deixando no serviço.

Queria ter dado um beijo, um abraço e ter dito mais uma vez o quanto te amo, o quanto tenho orgulho de ti,tanto que no dia que partisses falei muito em ti, pois tinha a certeza que estavas no auge de tua vida.

Meu amor, não sei como será nossa vida, mas estamos aprendendo a seguir em frente, na certeza de que no futuro,estaremos “todos” juntos para a eternidade.



                                                                    Tua mana

                                                                    Ângela

                                                                    Em 24.09.2010