ENTRE BEIJA-FLORES E BENTEVIS
Gostaria de ser poeta para ter a habilidade ou talento para escrever poesia, assim poderia dizer de forma poética as belezas de lugares, de pessoas, da vida. Neste momento gostaria de falar das coisas especiais do Laranjal. Pelo óbvio, limito-me a descrever minhas impressões e emoções
Aqui busquei isolamento voluntário para recolocar-me em ordem. Recordar, refletir, elaborar, reestruturar e planejar o ano que começa. Embora a caminhada seja uma atividade que propicia isto, desta vez me abstive de fazê-la. Optei por uma atividade manual. Faço algo útil, me distraio, ocupo o tempo disponível, arrumo o que precisa ser restaurado e enquanto executo a atividade os pensamentos fluem.
Uma amiga aconselhou-me a ficar a observar a lagoa. Garante que isto é energizante.
Admirar a lua quando está cheia preenche qualquer vazio. Olhar a linha do horizonte estabiliza emoções. Sentar nos bancos do calçadão e ver as crianças brincando ou a diversidade de tipos que por ali circulam nos faz perceber a riqueza da diversidade. Pegar um sol à beira da praia, além de proporcionar uma cor mais saudável, aquece qualquer coração endurecido. O vento, tão característico do lugar, leva embora qualquer pensamento ruim.
Poderia citar as opções de gastronomia para todos os gostos, desde o inigualável crepe até a culinária estrangeira, porém prefiro passar longe destas maravilhosas tentações. É preferível não aguçar o paladar e apurar o ouvido para o canto dos pássaros que me acordam alegremente toda a manhã.
Em que outro local, tão próximo do centro da cidade, teria a entrar em minha cozinha um formoso e minúsculo beija-flor para encantamento de adultos e crianças?
Entre sinamomos, arbustos, rosas, hortências, violetas, hibiscos, rabos-de-galos, trepadeiras, heras, além de meu cão, circulam inquietantes gatos pretos, charmosas gatas brancas e coloridas, além de velhos gatos cinzentos desconfiados e até inoportunos gambás que na calada da noite fazem inspeção nos quintais e telhados.
Os mais jovens ao chegar do trabalho relaxam na paz que aqui desfrutam, respirando a suave brisa do entardecer que espalha o perfume adocicado do jasmim.
É o Laranjal o oásis que reabastece a cada final de semana aqueles que circulam na praia em busca de descanso, lazer, diversão, quer no papo com amigos, na prática de esportes, na leitura do jornal diário ou de um livro à sombra das centenárias figueiras cujos braços acolhem a todos que ali se instalam em busca de proteção. É também nesta paisagem que jovens enamorados encontram o cenário ideal para seu romance e onde traçam planos para o futuro.
Neste recanto aprazível, parte da laguna que testemunhou encontros e desencontros históricos e da qual milhares de pessoas tiram seu sustento, os mais velhos se estabelecem porque aqui encontram a tranqüilidade e a paz perdida nos grandes centros.
Data:2008.03.27
Data:2008.08.25
Publicado no livro:Minha rua, minha gente
Seleta de Crônicas 1ª Edição /2009
BrLetras/ Câmara Brasileira de Jovens Escritores
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