Idas e Vindas
“Escrever é traduzir. Mesmo quando estivermos a utilizar nossa própria língua.Transportamos o que vemos e o que sentimos.
Saramago
Tarde de domingo.
Brisa suave a soprar e a balançar as folhas dos coqueiros próximos à janela do quarto.
Pássaros a cantar. Vontade de deitar o corpo e deixar a alma voar.
Sonhar. Flutuar...
Os cães também se dão ao luxo de um descanso. Não se ouve um ruído.
Um bom momento para uma prece.
Descansa. O sono invade, ao mesmo tempo que ouve o barulho daqueles que aproveitaram para repousar até mais tarde e agora começam o movimento. Misturam-se os momentos. Encontro e desencontro. Idas e vindas, dormir, acordar.
Sonha. No sonho rápido, a neta fala algo divertido , que ela não lembra, mas sabe que será motivo de riso dos demais, principalmente do filho, que ela tem certeza que irá se manifestar . A menina some num cômodo da casa. Ela em pé espera. O filho sai do banheiro(ela imagina que ele virá com seu sorriso largo, matreiro, brincalhão à altura do que fora dito) mas ele vem sério sem dar importância para o que fora falado.
Ela identifica o sapato, a calça , mas o peito está nu. Quando ele surge é dela o sorriso largo, feliz, por estar com ele tão presente. Filho !!! É a expressão que antecede o movimento de abraçá-lo fortemente. O sorriso se transforma em lágrimas .Lágrimas que são de alegria pelo abraço, pelo reencontro . Ouve o próprio choro e sabe que são lágrimas carregadas de dor.
Sente que está acordando em meio às lágrimas..
Na mão, o rosário que era dele e que sempre carrega consigo.
[b]Lembrei de você!
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