Manhã de sol.
O vento acalmou. Meu coração não.Vejo o vulto do cão pelo vidro da janela.
Abro. Faço um afago. Ele se afasta. Não quer só o afago. Quer um alimento, não para saciar a fome. Aquele pedaço pequeno que lhe dou pela manhã, à tarde e à noite é a materialização do amor e do cuidado. O troco se dá em generosas lambidas. Todos saíram. Fico só. Entre as opções do que desejo fazer e as coisas rotineiras, apresenta-se uma terceira: Chorar!!! (que também é rotina) Chorar desesperadamente. Aproveitar a solidão exterior para extravasar a interior. O choro será só meu.
Questionamentos repetidos, sentimento extravasado.
Como resposta, no momento das lágrimas, um ruído no microondas indicando corrente e a impressora a funcionar sozinha.
Nem sabia que havia faltado energia elétrica...
Rezo.
Espalho as fotos em minha frente.
Continuo com o rosário na mão. Interrompo a reza e escrevo.
Olho a linda foto e os doces olhos que se fecharam para sempre.
Continuo perguntando...
Não há resposta.
Volto a rezar.
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