quarta-feira, setembro 29, 2010

I n te r v a l o




Manhã de sol.

O vento acalmou. Meu coração não.Vejo o vulto do cão pelo vidro da janela.

Abro. Faço um afago. Ele se afasta. Não quer só o afago. Quer um alimento, não para saciar a fome. Aquele pedaço pequeno que lhe dou pela manhã, à tarde e à noite é a materialização do amor e do cuidado. O troco se dá em generosas lambidas. Todos saíram. Fico só. Entre as opções do que desejo fazer e as coisas rotineiras, apresenta-se uma terceira: Chorar!!! (que também é rotina) Chorar desesperadamente. Aproveitar a solidão exterior para extravasar a interior. O choro será só meu.

Questionamentos repetidos, sentimento extravasado.

Como resposta, no momento das lágrimas, um ruído no microondas indicando corrente e a impressora a funcionar sozinha.

Nem sabia que havia faltado energia elétrica...

Rezo.

Espalho as fotos em minha frente.

Continuo com o rosário na mão. Interrompo a reza e escrevo.

Olho a linda foto e os doces olhos que se fecharam para sempre.

Continuo perguntando...

Não há resposta.

Volto a rezar.