domingo, setembro 30, 2012

MINHA PARTICIPAÇÃO -MAGAZINE CEN




Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas-RS-Brasil
Crónica
Cinema: Arte, entretenimento e educação.

Sou de um tempo que o cinema não se constituía em uma produção tão milionária em termos de custos nem no aspecto de efeitos especiais. A tecnologia não exercia o papel de hoje. O cinema produzia um encantamento diferente. Levo em consideração minha idade, o fato de residir em uma cidade do interior da metade sul do estado mais meridional do Brasil, o que implica em costumes e hábitos diferentes da maior parte do Brasil, tanto a tropical quanto dos grandes centros urbanos.
Nos cinemas os filmes passavam em mais de um cinema da mesma rede e demandavam o envio dos rolos de um para outro. Dependendo do dia e do número de sessões era possível ver o filme em casa. Meu padrinho que trabalhava nesta tarefa estendia um lençol na parede de sua residência, montava o projetor e nós tínhamos a felicidade de assistir o filme na sala, o que se constituía em uma festa. Lembro-me de filmes inesquecíveis que vi quando comecei a me abrir para o cinema e para a vida, a partir dos 10 anos de idade. com desempenhos que tocavam profundamente nossos corações. Persistem em nossa memória mesmo diante de tantos filmes da atualidade. Poderia citar épicos como Spartacus, Lawrence da Arábia, Taras Bulba. São tantos e dos mais diferentes gêneros, como Dr. Jivago, Os pássaros, O Homem que matou o facínora, O milagre de Anne Sullivan, Amor Sublime Amor, A Noviça Rebelde e tantos outros belos filmes que povoaram o imaginário de adolescentes. Posteriormente, os cinemas foram se modernizando e sendo a atração maior da cidade. Contávamos em determinadas épocas com cerca de quase uma dúzia de casas de espetáculo.
Com o advento da popularização da televisão que ganhou cores e mais tarde do vídeo e do DVD houve um retrocesso, pelo menos no interior, quando encerraram as atividades grande parte dos cinemas. As pessoas passaram a preferir a comodidade da casa, em detrimento das telas de cinema.
O cinema além de entretenimento, arte e cultura sempre teve um papel fundamental na educação. Antes, levando ao grande público obras literárias consagradas, de valor universalmente reconhecido.
Hoje, com o acesso às mídias em prol da educação, quando a tecnologia adentrou a sala de aula das escolas públicas e privadas, não raro podemos encontrar jovens produzindo cinema nas escolas, fazendo uma integração entre as disciplinas, sendo eles próprios agentes colocando na tela suas vivências, seu aprendizado, seus sonhos, produzindo conhecimento. Descobriu-se um cinema a serviço de jovens com dificuldades escolares que através de outra linguagem superaram deficiências e adquiriram autoestima sendo protagonistas de sua própria história.
Valorizaram-se as histórias curtas, as denúncias das desigualdades que permeiam a sociedade. O Cinema abriu os olhos de todos para tentar minimizar diferenças sociais tão gritantes. Passou a ser um novo modo de despertar a consciência crítica de jovens, das comunidades periféricas. Enfatizou-se a sua importância a serviço da educação.
Isabel Cristina Silva Vargas