segunda-feira, dezembro 27, 2010

Com licença poética




Quando nasci um anjo esbelto,









Desses que tocam trombeta, anunciou:





vai carregar bandeira.





Cargo muito pesado pra mulher,





esta espécie ainda envergonhada.





Aceito os subterfúgios que me cabem,





sem precisar mentir.





Não sou feia que não possa casar,





acho o Rio de Janeiro uma beleza e





ora sim, ora não, creio em parto sem dor.





Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.





Inauguro linhagens, fundo reinos





— dor não é amargura.





Minha tristeza não tem pedigree,





já a minha vontade de alegria,





sua raiz vai ao meu mil avô.





Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.





Mulher é desdobrável. Eu sou.










Adelia Prado