quarta-feira, agosto 25, 2010



Há momentos em que a tristeza  e a dor tomam conta de mim, mesmo que tu tenhas sido sempre exemplo de alegria.
Teu sorriso, teus gestos, tuas  mãos sempre foram a materialização da docura, do calor humano, do amor.
Hoje,só consigo sentir o sopro gélido que penetrou sorrateiro, esgueirando-se pelas frestas das janelas da alma e se instalou sobrepujando-se a tudo. Varreu a claridade, os risos felizes, o colorido do sol e da natureza.  Ignorou a fé que ficou acanhada e tímida em um cantinho de minha alma estraçalhada pela avalanche devastadora da soberana morte que reina absoluta no território conquistado. Aprisionou tudo só deixando solta a deseperança,a desconfiança,o medo.
Grande paradoxo:Alegria,tristeza, doçura, fel, vida, morte, finitude, eternidade.
Minha tristeza não é por ti. É pela tua falta. E é exatamente a ausência de todos esses bens maiores que me fazem , apenas, sobreviver.
Hoje estou a viver sem a intensidade que a propria existência clama.
É tudo raso, só o suficiente para dar a impressão de que não morri também, embora a morte esteja instalada em mim.
Instalou-se no lugar da alegria, da esperança, do sonho, do sorriso.
Vivo a morte, o meio-sorriso, as meias verdades, a expectativa do retorno inviável, da sabedoria que o tempo concede , mas que para mim o próprio tempo levou embora.
Me olho do avesso e encontro apenas retalhos , costuras à mostra, remendos , pontos arrebentados , linhas soltas , desconectadas. O exterior está compatível com o que vislumbro por fora do fundo do poço em que me encontro jogada,à espera de um milagre que por ora não sei onde buscar.